segunda-feira, 25 de julho de 2011

Caminhada

Andei, andei, andei... Perdido, desorientado, perdi a capacidade da noção de tempo – espaço, dia – semana, mês – ano. Estou alienado quase sem saber quem sou, perdi parte da própria identidade, vida social, nem mais sei o que isso significa. Tudo nesse momento pra mim é alheio, não interesso por nada, notícias, jornal, revistas, televisão, é como se nesse tempo só vivesse eu! Talvez o mundo lá fora já tenha tido a terceira guerra mundial, talvez a fome já tenha sido erradicada do mundo (mas ainda sinto fome, sede...), talvez o Brasil tenha se tornado uma potência mundial, tenha invadido dominado e colonizado toda a América do Sul, transformando-a num só país – Brasilis. Talvez nesse intervalo de tempo o mesmo país – Estado tenha se tornado uma unidade forte, moderna, igualitária, puro e limpo, onde a sua ‘’Carta Magna’’seja respeitada, entendida, compreendida em seus artigos, parágrafos, jamais deturpada. Que respeite os valores democráticos, éticos, étnicos, morais e costumes.
Talvez o homem em sua obsessão doentia tenha provado cientificamente que há vidas no espaço, tenha expulsado colonizado, atrocidado seus nativos para lá se firmar. Ah, o homem voltou a escravizar, porém, como desculpa afirma não haver crime hediondo em manter em cárcere privado, maltratar, explorar seres não humanos, sendo assim não estão violando os direitos humanos, haja vista que estes não são terráqueos. Talvez nada disso tenha acontecido ocorrido, isto é, apenas um estado da minha consciência parada, inativa e sem fatos novos para lhes acrescentar. Outra hipótese é que esses distúrbios, fobias, medos, inquietações, confusões mentais ás aquais me levaram a confundir o real com o lúdico, a verdade com a mentira, a realidade com a imaginação. Creio que tenho ficado por longos anos num estado de coma não induzido, não provocado, meu corpo não respondia aos meus estímulos, meus músculos estavam perfeitos, sincronizados e harmonizados. Agora minha memória esta é falha, ficou estagnada num tempo somente dela, alheio ás tardes que caía, ás tardes que nascia e que morria. Quantas manhãs deixei de ver nascer; quantas madrugadas não sentir a suave brisa anunciando o nascer do Sol, chegando com todo seu esplendor.   Com seus raios iluminando vidas, dando vidas, tirando vidas, contudo, sem nunca perder sua majestade.
Andei..., andei..., andei... E não vi o solstício de inverno, tão pouco pude apreciar o solstício de verão; perdi a capacidade de enxergar a beleza da primavera que chegava com suas cores, com suas flores, suas rosas perfumava todos os jardins; esta estação chega regada de aromas e essências e traz em si a renovação da vida como um todo. Também há, ás manhãs acinzentadas do outono chegar, não chorei as tristezas das flores secas, das árvores sem folhas, dos caules expondo seus entrecascos revelando assim sua insatisfação. Também não senti o meu gélido corpo, o sol de cor amarelada a aquecer-me o coração e ao meu espírito inquieto, lutando por liberdade.
 Talvez, entre o sonho e a realidade não sei á qual vivi, sinto que por experiências eu passei, o meu corpo estava estranho, a minha mente estava alheia a tudo e a qualquer acontecimento, como evolução da espécie, avanços tecnológicos, científicos etc. Embora decorridos muitos anos desse apagão mental, o meu corpo material não sofreu qualquer alteração em seu organismo, não envelheci, não rejuvenesci, simplesmente parei, ficando ali mesmo, mumificado, com a sutil diferença de que eu estava vivo.
Andei, andei, andei e não senti o perfume das flores exalando o ar.

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